As Abstrações de Kandinsky e o atonalismo de Schoenberg


Uma relação entre pintura e música
Desde muito
cedo, Wassily Kandinsky (1866-1944) esteve em contato com a
música, seus pais tocavam piano e cítara, e tendo o próprio pintor aprendido a
tocar piano e violoncelo. Esta influência chega inclusivamente a aparecer nos
títulos das suas obras, Impressões, Improvisos e Composições que correspondem a
três grandes etapas da sua obra (GOMES, 2003).
Segundo Colarusso (2013)"O
exemplo mais claro de toda a história da música em termos de sua relação com a
pintura é o nascimento da abstração nas mãos do pintor russo Wassily
Kandinsky (1866-1944) e do atonalismo nas mãos do compositor
austríaco Arnold Schoenberg (1874-1951)".
Kandinsky concluiu que a
“necessidade interior”, que por si só inspirava a verdadeira arte, o estava a
forçar a abandonar a imagem figurativa e a adotar as propriedades não
representativas da cor e da forma, e foi quando
quando Kandinsky ouviu em Munique as Três peças para piano
opus 11 de Schoenberg, logo sem seguida inspirado pela
música abstrata pintou Impressão III (Concerto), hoje em dia exposta
na Lembachhaus em Munique (COLARUSSO, 2013).
Nunca houve tamanha sintonia
entre dois artistas, “a negação do figurativismo do pintor veio
de encontro a uma música que evitava qualquer escala musical já usada,
sendo que os dois confessavam que o objetivo de suas ações era o mesmo: a
transcendência espiritual”(COLARUSSO, 2013).
Suas
Obras
Seus quadros, fazem alusões à música,
ao dar os títulos de “Improvisação” e “Composição”, pois era através da
analogia à música, que este via as cores e as formas “vibrarem” e “ressoarem”.
Segundo Gomes (2003):
O artista considerava que a
música era a arte que melhor exprimia a vida espiritual de um criador. Através
dos meios musicais o artista não pretende representar fenômenos da
natureza mas sim exprimir o seu universo interior, dando vida própria aos sons.
Para Kandinsky a música era a mais imaterial das artes portanto, esforçou-se
por descobrir processos similares que pudessem aplicar-se no campo da pintura.
Estudou o ritmo, a construção abstrata, a repetição dos tons coloridos e o
dinamismo da cor.
De acordo com Filho (2016)
Kandínski nutria uma íntima amizade com o compositor Arnold Schoenberg, os dois
compartilhariam dos mesmos ideais em relação à arte – romper as barreiras – e
influenciariam um ao outro.
Especulava com a cor, e criou uma
teoria associando a nota com o timbre, a tonalidade com o alcance do som, e a
saturação com o volume do som.
Para Kandinsky (sd):
A cor é um meio para exercer uma
influência direta sobre a alma. A cor é a tecla; o olho, o martelo. A alma, o
instrumento das mil cordas. O artista é a mão que, ao tocar nesta ou naquela
tecla, obtém da alma a vibração justa. A alma humana, tocada no seu ponto mais
sensível”.
Chegou a dizer que quando via Cor
ouvia Música. Suas "impressões" se baseiam em temas da vida real, as
"improvisações" são imagens espontâneas vindas de sua vida interior,
e as "composições" são formas desenvolvidas quase sempre depois de
muitos estudos.
Kandinsky
esclarece que as formas das tendências
construtivas em pintura podem dividir-se em dois grupos principais: 1.º A
composição simples, submetida a uma forma clara e simples, é denominada
composição melódica. 2.º A composição complexa, na qual se combinam várias
formas, as quais se submetem a uma principal pode, por seu lado, resultar de
difícil localização e isolamento exterior. A base da composição recebe então
uma sonoridade particular. É a composição denominada sinfônica.
Impressão III (Concerto)
O conjunto de pinturas que Kandinsky designou por "Composição", são quadros de elaboração complexa e de uma análise e estudo prévios.
Estudo Composição II
Kandinsky só
deixou informação ambígua sobre a interpretação da Composição II, e esta tem
sido assunto de discussão entre os estudiosos. Num manuscrito elaborado em
1914, Kandinsky afirma: A Composição II é pintada sem um tema, e talvez naquele
tempo eu ficasse nervoso ao tomar um tema como meu ponto de partida. (Gomes
2003 p. 33)
Composição IV
Composição
IV é uma pintura a óleo sobre tela realizada
pelo artista russo Wassily Kandinsky em 1911.Esta obra de
Kandinsky inclui elementos figurativos, iconográficos e abstractos, marcando,
assim, uma nova etapa no trabalho do artista. De acordo com a história,
Kandinsky terá saído de casa para ir passear, e a sua assistente Gabrielle
Munter, virou a pintura. Quando o pintor voltou, olhou para a pintura e chorou
de alegria ao ver a beleza dela. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Composi%C3%A7%C3%A3o_IV_(Kandinsky))
Composição V
Composição
V é uma pintura a óleo sobre tela realizada em
1911. Nesta pintura, Kandinsky não distingue o primeiro plano do plano de
fundo, nem sequer uma luz ou algum elemento que dê uma indicação de espaço ou
de volume. Os elementos que compõem a pintura não transmitem a existência de
objectos reais ou tangíveis, levando a concluir-se que Composição
V não se baseia em nada na natureza. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Composi%C3%A7%C3%A3o_V_(Kandinsky))
Composição VI
Composição
VI é uma pintura a óleo sobre tela realizada
em 1913. No presente caso, o pintor demorou seis meses até começar a criar a
pintura. Kandinsky queria que este quadro transmitisse, em simultâneo, uma
inundação, um baptismo, a destruição e o renascer. O processo de criação não
foi fácil. A sua assistente Gabrielle Munter aconselhou-o a libertar-se do
esboço inicial, e a pensar no termo uberflut (inundação), e nas
sensações acústicas que lhe transmitia; Kandinsky terminou a pintura no espaço
de três dias, sempre a entoar a palavra uberflut. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Composi%C3%A7%C3%A3o_VI_(Kandinsky))
Composição VII
Composição
VII é uma pintura a óleo sobre tela realizada em 1913.Esta
pintura representa o auge dos trabalhos artísticos antes da Primeira
Guerra Mundial. Para criar esta pintura, Kandinsky elaborou mais de trinta
esboços, a lápis, e a aguarela, tendo finalizado a composição em menos de
quatro dias. Composição VII apresenta uma forma oval - o centro de um
furacão - intersectada por um retângulo irregular, e rodeada por cores e
formas; quase todas as representações pictóricas desaparecem. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Composi%C3%A7%C3%A3o_VII_(Kandinsky))
Composição VIII
Composição VIII é uma pintura a óleo
sobre tela realizada em 1923. Em Composição VIII Kandinsky
inclui, pela primeira vez, na série "Composição" o círculo como sinal
de perfeição e conotação cósmica. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Composi%C3%A7%C3%A3o_VIII_(Kandinsky)
Composição IX
Composição
IX é uma pintura a óleo sobre tela realizada em
1936. Depois de mais de dez anos sem elaborar uma "Composição"
(a última, Composição VIII data de 1923), Kandinsky regressa a este
tema. Neste novo trabalho, realizado em Parias, o artista é influenciado, embora ele o
negue, pelo Surrealismo, em
particular pelas obras de Miró; são visíveis formas
biomórficas nesta pintura. Para elaborar este quadro, Kandinsky precisou apenas
de um esboço prévio. Composição IX caracteriza-se por uma série de listas
diagonais coloridas, que formam o plano de fundo para os elementos geométricos
e biomórficos, que lembram plâncton e microorganismos subaquáticos. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Composi%C3%A7%C3%A3o_IX_(Kandinsky))
Composição X
Composição X é
uma pintura a óleo sobre tela realizada
em 1936. Composição X, o último trabalho da série "Composição",
caracteriza-se pelos elementos de cores fortes contrastando com o fundo negro;
as formas estão direcionadas para cima e para fora. No topo da pintura, ao
centro, observa-se um elemento em forma de lua, entre um livro e um balão de ar
de cor castanho, transmitindo a ideia de que os elementos coloridos se
encontram num cenário cósmico alternativo e visionário.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Composi%C3%A7%C3%A3o_X_(Kandinsky))
Improvisação 19
Improvisa
Improvisação 19,
de março de 1911, é, sem dúvida, uma pintura exemplar desse isolamento e dessa
intensificação, que o artista chamou também de “expressão de processos de
caráter íntimo”. Trata-se de uma intrigante pintura em que um grupo de figuras
em cores vibrantes, à esquerda, caminha, em cortejo, em direção ao espectador.
Improvisação 19 é cortejo – se não nominalmente fúnebre – da ausência, da
falta, que é a maneira como a vida se mostra ao artista. (Geraldo. 2007 p.89)
Improvisação 26
Improvisação
26 de Wassily Kandinsky, pintada em 1912. Sua tela
Improvisação 26 reflete o ideal da pintura na medida em que nela se encontram
todos os elementos que caracterizam a sua obra, como o uso das cores, os traços
marcantes na cor preta e vermelha, as retas e as curvas. Cada espaço de tela é
preenchido com um objetivo determinado: o de demonstrar o sentimento do autor
em relação à obra e o do espectador que vê a tela sempre de modo diferente,
quando não se prende a uma representação pré-estabelecida. (Peres. 2013)
Improvisação 28
(Sem informações)
Improvisação 30
(Sem informações)
Improvisação 31
1913
Vídeo da timeline entre Kandinsky e Schoenberg
Referências:
·
TERRA MUSICA, Disponível em: <https://terradamusica.com.br/acordes-visuais-influencia-da-musica-na-obra-de-kandinski/> Acessado em 16/06/2017
·
LAMUR, Juliano André - SCHOENBERG E
KANDINSKY: PROMOVENDO A EXPANSÃO E A PLURALIDADE DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA DO
SÉCULO XX (1911 – 1914). 2010.
·
Gomes, Filipa - A Música na Obra de
Kandinsky. 2003. Disponvel em
· ´<
http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/musica-e-pintura-dois-universos-que-se-completam/ > Acessado em 16/06/2017
· COLARUSSO, Gazeta do Povo, Disponível em: < http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/pintura-e-musica-paralelos-brasilleiros/> Acessado em 16/06/2017
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